quarta-feira, 12 de março de 2014

SUSTENTABILIDADE A SÉRIO

Existe uma contradição intrínseca em nosso sistema produtivo. O sistema cria produtos. Cria e vende as necessidades de consumo. Depois tenta justificar essas necessidades. Nem todos os produtos vendidos como sustentáveis na realidade o são. Nem todos os produtos realmente sustentáveis são utilizados adequadamente. Um dos fatores primordiais na prática projetual arquitetônica reside no conceito e no partido adotados. Quando se vende "produto sustentável" isso não é levado em conta. A qualidade do projeto tem que ser coerente com os produtos que utilizam. Assim, é melhor uma solução criativa para se gastar menos água, por exemplo, do que um produto tem o consumo reduzido de água frente a outros que gastam mais água. O mesmo é válido para energia. A construção civil deparou-se com esse binômio - consumo de água e energia - e ainda não apresentou soluções convincentes a respeito. As empresas que produzem sustentáveis não apresentam suas matrizes de energéticas. Seus consumos de água, quando muito, são apresentadas as reutilizadas. Mas, os intrínsecos ao processo, os que não retornam ou que se evaporam, não são apresentados. O que fazer? É difícil conciliar interesses comerciais e a necessidade real. Mas, não há escapatória. Se quisermos ludibriar nesse jogo os perdedores seremos todos nós.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Boca de Sapo 2

Então, o que ficou da Boca de Sapo para mim?
Várias coisas ficaram para o resto da minha vida:
1. Crianças são muito criativas.
Se a oportunidade for proporcionada e permitida, a inventividade das crianças não tem limites.
2. Crianças podem ser muito espertas.
A esperteza é um conceito muito valorizado desde a mais tenra idade.
3. Crianças podem ser inocentemente desonestas.
Ficou um sabor amargo como que alguma coisa não estava bem.
Apesar de inocente brincadeira, meu irmão foi ludibriado na sua boa fé.
Conclusão:
Sem que tivéssemos intenção, a nossa brincadeira infantil reproduziu modelos da realidade da vida adulta de uma forma muito clara e, melhor, muito simples.
Tão simples que, embora crianças, nossa inocente brincadeira é reproduzida milhões de vezes no dia a dia pelos adultos na vida real.
E, claro que a nossa infância, também, era vida real! Mas, infância.
Foi uma aula de Marketing com um professor PHD de 10 anos de idade!
Quero dizer que muito professor de Marketing por aí, não tem a simplicidade e competência do nosso primo "professor".
Tivemos o explorador e o explorado.
Fui polido. Melhor dizer que tivemos o esperto e o otário.

Até logo!

sábado, 15 de outubro de 2011

Boca de Sapo



Há de ano iniciei este blog e hesitei continuá-lo, desde então.
O que poderei dizer a respeito de um assunto tão sério, de forma a contribuir para sua real e necessária evolução?
Sustentabilidade é um adjetivo substantivado usado da forma mais aviltante que já presenciei em minha existência.
O sistema que aí está faz sistematicamente isso:
Tudo, e absolutamente tudo que pode materializar é mercadoria que virará dinheiro.
Anuncio já que nas próximas postagens poremos o rei nu...
Como escrever algo verdadeiro hoje em dia sem ser chato ou mentiroso é um grande desafio.
A minha primeira lição de vida quando criança é uma história de família, que poucas pessoas vivenciaram, mas que vai resumir o meu pensamento.
Se me permitem, lá vai:
Entrei no Instituto de Educação “Caetano de Campos” aos 4 anos de idade no Jardim de Infância. Meu irmão tinha 6 anos, então.
Quando eu tinha 7 anos de idade, em 1959, fui batizado por meus tios Aracy e Antônio que naquele ano moraram conosco na casa de meus avôs.
Eram 5 primos e meus tios morando no fundo do quintal no que chamávamos quartinho.
Naquele ano de 1959, um dia, meu irmão veio da escola e todo exibido mostrou uma dobradura que aprendeu a fazer. Outro primo resolveu comprar a tal dobradura por 3 palitos. Explico: nossa moeda corrente eram palitos de fósforos usados. Assim, nosso outro primo comprou a dobradura.
No dia seguinte o meu irmão veio com outra dobradura e desta vez nosso primo, xará do meu avô, que estava conosco, viu que o nosso primo menorzinho, de 5 aninhos, deu 5palitos pela dobradura.
No outro dia, nova dobradura e uma disputa para arrematar a dobradura – um origami, se preferirem – que foi adquirida por 10 palitos!
O xará do meu avô era o mais velho dessa leva de netos e contava então com 10 anos e no começo da semana seguinte anunciou que tinha uma dobradura inédita e maravilhosa que jamais alguém vira. Todos nós começamos a disputar. Um disse: eu dou 5 palitos e o outro: eu dou 10 palitos, mas fomos todos preteridos. O primo disse que a dobradura não estava assim disponível e que na sexta-feira após o almoço – que na casa de nossos avôs, significava a impreterível bacalhoada à portuguesa – haveria o grande leilão da dobradura.
Resultado: naquela semana viramos verdadeiros “faróis de milha”isto é, olho voltado para o chão.
Limpamos o quarteirão! Não havia palito de fósforos perdidos, só achados.
Ficamos ricos!
A sexta-feira não chegava nunca, essa foi a sensação de que ainda me lembro.
Mas, afinal, chegou a tão esperada sexta-feira depois do almoço.
Então apareceram várias dobraduras dos concorrentes, mas nenhuma interessava. Todos nós queríamos a tal dobradura inédita.
Meu primo disse que não era assim fácil de aparecer a cobiçada dobradura, que o melhor era fazermos o leilão primeiro. Isso só fez aumentar a expectativa.
Quem dá mais? Perguntou ele, e iniciou a maior disputa que tivemos na infância.
Os lances evoluíram muito rápidos para os mais de 100 palitos! Daí para 200 e o leiloeiro estimulando nossa ambição elevando o valor da dobradura.
Ao final foram mais de quinhentos palitos a oferta do meu irmão que nenhum de nós podia superar.
Então o leiloeiro exigiu o pagamento à vista e, todos nós ajudamos a contar a fortuna. Mal terminávamos de contar e meu irmão exigiu a prenda arrematada.
Está bem, disse o meu primo. Você acaba de adquirir a inédita e maravilhosa dobradura: “Boca de Sapo”!
Passe já pra cá minha dobradura “Boca de Sapo” exige o feliz comprador arrematante que ao longo da semana amealhou a fortuna de mais de 500 palitos! Fruto de seu trabalho árduo...
Calmamente o leiloeiro pega uma folha de papel, tira um pequeno pedaço do tamanho de um quarto de folha, dobra-a mais ou menos ao meio e coloca na boca pela parte da dobra e abre e fecha a boca. Apanha os palitos rapidamente e entrega a encomenda ao felizardo.

Uma brincadeira infantil quase idiota!
Esse primo espertalhão nessa história, infelizmente já faleceu.
O que ficou para mim e o que tem isso a ver com sustentabilidade?
Não percam as próximas postagens.
Eu prometo que não serão “bocas de sapo”, embora muito explicará sobre o assunto.

Até mais!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

A banalização da sustentabilidade

Mercado imobiliário explora de forma inadequada o conceito de sustentabilidade e deixa consumidores desorientados.
Comprometido pelo marketing excessivo e vazio de conteúdo usado pelo mercado imobiliário, o conceito de sustentabilidade se banalizou e deixou os consumidores desnorteados.
“Edifício sustentável é um tema que está muito mal tratado. É marketing gratuito, com gente dizendo que está fazendo muita coisa e, na verdade, não está fazendo nada, é só cosmético. Isso está desorientando o cliente e prejudicando a credibilidade”, alerta o engenheiro Luiz Henrique Ceotto, diretor de Planejamento e Construção da Tishman Speyer.
Na outra ponta, empresas que desejam alugar ou comprar um imóvel comercial têm mais clareza sobre as vantagens e como identificar um empreendimento ‘verde’ de fato.
“O edifício comercial é administrado por empresas de grande porte, situação que permite demonstrar mais facilmente ao cliente os benefícios do prédio ‘verde’. Já a gestão do residencial é ainda determinada pelas idiossincrasias do síndico e do conselho, o que torna complexa a tarefa”, comenta, acrescentando que o consumidor só estará disposto a pagar mais caro se, comprovadamente, o edifício apresentar tais vantagens.
“Na área imobiliária, o marketing é tão desprendido da realidade que não há confiabilidade: pintou o prédio de verde e plantou uma árvore, então é green building. O cliente é bombardeado com slogans que nada significam e as pessoas acabam não acreditando. É o mesmo da propaganda de apartamentinho de péssima qualidade que ganha o slogan ‘alto padrão’. É um jogo de palavras”, desabafa. Por outro lado, o brasileiro não tem conhecimento e critério para identificar o que é sustentável. E tudo isso pode ser agravado se o residencial se sofisticar muito para fazer economias importantes durante o uso, pois não terá profissionais para gerenciar a operação.
“Na melhor das hipóteses, há o risco de comprometer o ganho energético e de água para o qual foi projetado e executado”, observa.
‘VERDE’ NA ESSÊNCIA

“O consumidor, na hora da escolha, busca um conjunto de características que o agradem. A sustentabilidade é um desses fatores. Ela é uma parte do todo que abrange a localização, a qualidade do projeto, o custo do imóvel, o preço de condomínio, entre outros itens”, assegura o engenheiro Sérgio Vieira, diretor de Novos Negócios da Espírito Santo Property Brasil, empresa que recentemente se associou ao empreendimento Pedra Branca, bairro sustentável que nasce na região metropolitana de Florianópolis.
Ele lembra que o conceito da sustentabilidade ainda é muito novo e está começando a ganhar o mercado brasileiro agora.
“Muitos consumidores ainda não sabem dessa possibilidade de escolha”, diz.Vieira ressalta que os prédios corporativos já vêm buscando, há algum tempo, incorporar os conceitos de sustentabilidade, como o da redução do uso dos recursos naturais e do gasto energético em suas estruturas.
“Mas, no segmento residencial, o Pedra Branca é pioneiro. É o único empreendimento dessa escala que consegue reunir, em profundidade, todos os princípios da sustentabilidade, aliando a isso o conceito do novo urbanismo. A ousadia desse empreendimento chama atenção das pessoas”, afirma. E chamou a atenção dos que fecharam negócio: superando todas as expectativas, 70% dos apartamentos da primeira quadra do bairro Pedra Branca, lançada em 15 de maio último, foram vendidos em menos de um mês.
“O fato de o bairro ser sustentável não repercute nos preços dos imóveis, o que contribuiu, sobremaneira, para o sucesso nas vendas. Por outro lado, os custos do condomínio também serão de 20% a 30% mais baixos, se comparados aos dos edifícios de construção convencional. A longo prazo, essa economia é extraordinária. Sem contar economias paralelas, com combustível e tempo, por exemplo, que a infraestrutura do bairro oferece. Aos poucos, o público vai reconhecendo que a sustentabilidade é o caminho. Isso nos motiva a continuar trabalhando com esse tipo de empreendimento, e nosso sucesso estimula outros a fazerem a mesma coisa”, complementa o engenheiro.

COMMODITIES CARAS

Segundo Luiz Henrique Ceotto, o sucesso dos empreendimentos operados pela Tishmann – o Rochaverá, em São Paulo, que já vai para a sua quarta torre, e o Ventura, no Rio de Janeiro -, se deve à cultura das corporações multinacionais ou grandes empresas brasileiras.
“Elas têm uma política interna de sustentabilidade, e suas opções são guiadas pela imagem de estarem sediadas num prédio certificado e, depois, pela economia que terão no condomínio. São dois conceitos aliados: o ético e o empresarial”, ensina.
Ele descarta, porém, a hipótese de que o selo ‘verde’ seja uma garantia de comercialização rápida: “É um atrativo, uma chancela da economia que será feita na operação do prédio. Mas, principalmente, se alia à imagem que a empresa quer projetar no mercado”.A tendência, na opinião do diretor da Tishmann, é que a sustentabilidade migre, gradativamente, da ética para a economia, porque as commodities – energia e água - estão muito caras e ficarão ainda mais. Ele prevê que dentro de cinco a dez anos, os edifícios no Brasil passarão a ter cotas anuais de fornecimento: cotas máximas que os prédios poderão consumir por ano de energia e de água. E isto vai viabilizar os prédios mais econômicos.
“Porque o risco de ter que parar um prédio ou que a operação fique astronomicamente cara, levará as empresas a optarem por edifícios de baixo risco operacional”, antecipa.
A economia de cerca de 30% em energia e água, comum aos edifícios ‘verdes’, pode fazer pouca diferença hoje, mas fará a diferença entre ficar no escuro ou estar de acordo com um consumo ideal.
“No momento em que a sustentabilidade abranger, além do campo puramente ético, também o econômico, vai automaticamente disciplinar o mercado imobiliário. O mercado terá então especialistas para testar a eficiência energética de edifícios e, se alguém vender que o edifício é eficiente e não for, terá problema legal. A jurisprudência vai começar a se aprimorar, de tal forma que o marketing deixe de ser inconseqüente como é hoje. Muita coisa vai mudar em até dez anos, as empresas éticas do mercado imobiliário vão chegar primeiro, e as outras, ou vão quebrar ou passar por um ajuste doloroso”, preconiza Ceotto.
COLABORARAM PARA ESTA MATÉRIA
Luiz Henrique Ceotto - Graduado em Engenharia Civil pela Universidade de Brasília, com Mestrado em Engenharia de Estruturas pela Escola de Engenharia de São Carlos – USP. É diretor de Planejamento e Construção da Tishman Speyer Properties. Membro do Comitê de Tecnologia e Qualidade do Sinduscon-SP e do Conselho Deliberativo do CBCS. Professor convidado do curso de Mestrado Profissional em Engenharia de Edificações da Escola Politécnica da USP.
Sergio Luiz dos Santos Vieira - Diretor de Novos Negócios da Espírito Santo Property Brasil, é engenheiro de produção. Atua na área de desenvolvimento imobiliário desde 1974, principalmente nos segmentos de padrão alto e médio-alto. Atua ou atuou nas principais entidades de classe do setor, Secovi-SP, Fiabci/Brasil e CIC/FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Certificação de Sustentabilidade

O que você acha de certificação de sustentabilidade ser uma atividade muito lucrativa?
Essa é a pedra fundamental para uma discussão séria sobre o assunto.
Fala sério!

terça-feira, 11 de maio de 2010

Fala sério!

Sustentabilidade é assunto do momento...
Entretanto, é tratado com pouca, ou nenhuma responsabilidade.
Fala sério!
Aqui neste espaço discutiremos o assunto com o enfoque adequado.
Tentarei tratá-lo como assunto vital.
Primeiro delimitando o entendimento da amplitude do termo vital:
Não se trata de salvarmos o planeta em que vivemos.
Trata-se, sim, de como mantermos as condições vitais para nossa espécie - que não será eterna - sobreviver por mais tempo possível neste planeta, que talvez já tenha sido mais maravilhoso.